Audiência Pública: Produtores de Leite de Pernambuco apresentam reivindicações e pedem ações efetivas do Estado
Problemas com a distribuição do
milho, a entrada do leite em pó vindo de outros Estados, escassez de recursos
hídricos, o fim do cooperatvismo, o preço do bagaço de cana, falta de limpeza
nas barragens, tímida perfuração de poços, não finalização de obras em
adutoras, falta de transferência de tecnologia, multiplicação e ampliação das
áreas de palma forrageira do Agreste, com suporte técnico para coleta e análise
de solo, recomendações de plantio e manejo, distribuição de raquetes de palma
(40 mil unidades por produtor), desoneração para
todos os insumos agropecuários, bem como isenção de ICMS para o leite e todos
os derivados fabricados dentro do Estado e mais serviço de apoio ao produtor.
Esses e outros itens fizeram parte
da pauta apresentada pelos produtores de Leite de Pernambuco, através do
Movimento A Força do Leite, em Audiência Pública realizada na Codeam, em
Garanhuns. Atendendo a um requerimento do deputado estadual Eduíno Brito, a
Comissão de Desenvolvimento e Turismo da Assembleia Legislativa pôde ouvir as
reivindicações de cerca de 250 produtores que estiveram presentes no auditório
Jornalista Humberto de Moraes.
“Saímos daqui satisfeitos porque pudemos construir propostas efetivas
que serão encaminhadas à Secretaria de Agricultura, queremos ter um olhar
diferente para ajudar os produtores de Leite a enfrentar seus desafios diários;
pedimos que o governo do Estado priorize a Bacia Leiteira - assim como faz com
os demais polos de desenvolvimento(da gipsita, da fruticultura, do jeans e
automotivo). Hoje assistimos a queda crescente no rebanho, 20 mil empregos
indiretos sumiram, o que afeta a cadeia produtiva, trazendo dificuldade
principalmente ao pequeno produtor”, avaliou Eduíno.
Segundo o professor Airon Melo,
da Universidade Federal Rural de Pernambuco, 75% da produção do Leite do Estado
vem do Agreste Meridional. “Mas temos
focos de produção importante como na região de Exu e Ouricuri; vale lembra que
82% da produção é fruto da agricultura familiar, esses são os que mais sofrem
com os impactos da seca. Hoje a pecuária se mantém com o que tem, atualmente
essas pessoas não ganham dinheiro decorrente de sua atividade”, afirmou
Airon. Os últimos dados apontam para uma redução do rebanho em 31% ocasionando
a perda de um milhão de leite por dia. Sem produção e sem água para o rebanho,
o produtor não pode comprar volumoso, nem fazer frente aos preços dos insumos.
A crise é tanta que muitos
produtores já migraram para outras atividades, encerrando um ciclo familiar de
ocupação A Bacia Leiteira é responsável por 30% do PIB agropecuário de
Pernambuco, com 80 mil produtores. Antes da estiagem iniciada em 2012, o
rebanho bovino do estado era de 2,4 milhões de animais. No auge da seca,
Pernambuco perdeu mais de um terço dos animais, estimasse que mais de 240 mil
animais morreram de fome e de sede. Para exemplificar: o produtor Jorge
Medeiros(de Pesqueira) já chegou a ter um rebanho com 48 mil cabeças de gado,
hoje tem menos de 13 mil. Segundo Sérgio Machado, do Movimento A Força do
Leite, ele geria uma cooperativa com mais de 40 associados. “Hoje temos apenas 13 membros, não há saída,
vamos dar baixa e fechar as portas”,admite Machado.
Ao final do encontro, os
produtores de Leite pediram também a reativação do Pró-Rural, a agilização da
obra da Adutora do Agreste, mais assistência técnica por parte do IPA, melhor
distribuição do milho por parte da Conab, melhor política para o preço do leite
que ora é praticado e que as autoridades vejam a questão da importação do leite
em pó(vindo do Pará, da Argentina e do Uruguai). Enfim, pediram, por parte das
autoridades responsáveis pelo setor produtivo, menos marketing e mais ação.
Publicar comentarios