Exclusivo: Albérico Pacheco conta sua paixão pelo São João de Arcoverde e fala da polêmica quanto ao tema deste ano

Há nais de dez anos que o São João de Arcoverde vem se renovando e se afirmando como uma das melhores festas do Estado. Mas bem antes, em 1997(ainda na gestão de Rosa Barros), ainda que de forma embrionária, sem palco ou estrutura de porte, a festa chamava atenção pela animação numa casa de taipa montada em frente ao extinto Cine Bandeirante(hoje Lojas Americanas). Na época, o Departamento de Cultura era comandado pelo também competente produtor cultural Joselito Arcanjo.

Para saber um pouco mais dessa estória, o site ouviu o secretário de Turismo e Eventos de Arcoverde, Albérico Pacheco. Ele conta que, em 1999, era secretário de Finanças(mas sempre trabalhando em conjunto com a equipe de Cultura), e numa viagem a Santa Cruz do Capibaribe se deparou com uma cidade cenográfica. Em 2001, com assessoria técnica do artista plástico Suedson Neiva fez a primeira vila cenográfica do São João cujo tema foi "Literatura de Cordel - 100 anos de História. A primeira vila foi erguida onde hoje é o famoso Senadinho. Nesse mesmo ano, o palco, como hoje é montado, foi introduzido. Já alí, se começava a pensar numa nova formatação - com a descentralização dos polos de animação, áreas delimitadas para a gastronomia, o artesanato, brinquedos infantis etc. "Anos depois, na verdade, o modelo foi se solidificando, chamando atenção principalmente dos turistas", afirma Albérico.

Os anos foram passando e Albérico e equipe sempre buscando inovar. Em 2002 foi o "São João do Fogo Encantado" que homenageou o extinto grupo Cordel do Fogo Encantado que, na época tinha Lirinha, Clayton Barros e outros em sua formação. A nível de participação da juventude, com caravanas vindas de outros Estado, foi uma das festas mais emblemáticas. 

De lá prá cá tivemos o "Sanfona Forró & Arte"(2003), o "Raízes do Coco"(2004), "Brincadeiras de Rua"(2005), "A Arte da Poesia Popular"(2006), "A Saga do Vaqueiro - Uma Odisséia Sertaneja" (2007), "De Lampião à Gonzagão - Um Auto de São João"(2008), "O Reisado Encantado no Reino do São João"(2009), "São João dos Sertões""Arcoverde te Espera Hoje é Feira"(2011), "A Lenda da Índia e do Capitão no Ano de Gonzagão"(2012), "Arcoverde na Capital do São João"(2013), "Luz, Câmera, Ação - O Cinema vai passar na tela do melhor São João!"(2014), "O Reino do Baião na Capital do São João"(2015), "Samba de Coco com Arte e Tradição... Comemora 100 anos na Capital do São João"(2016).

Para este ano de 2017, a festa terá como objetivo, mostrar para o Brasil a arte e a tradição do emblemático Reisado de Caraíbas, da comunidade rural do mesmo nome, e personificadas nas suas cantoras que, no contexto do tema, são reconhecidas, sim, como Rainhas do Reisado. Portanto, com o tema : "COM HISTÓRIA, ARTE E TRADIÇÃO, EM 2017, AS RAINHAS DO REISADO SÃO AS HOMENAGEADAS DA CAPITAL DO SÃO JOÃO". "Entendo que Arcoverde tem tudo, mais uma vez de realizar um grande São João reunindo grandes atrações regionais e nacionais no seu palco principal lado a lado com toda representatividade do que há de melhor do forró tradicional e estilizado; samba de coco, música alternativa, teatro de rua e performances culturais em geral, distribuídos em mais de 10 polos de animação", concluiu Albérico.

Albérico é formado em Administração de Empresas(Foca) e tem pós-graduação em Planejamento Estratégico do Turismo(UPE). DE 1977 à 1997 foi bancário do estinto Bandepe. Iniciou a trajetória nos cargos público anida, em 1997, quando foi secretário de Finanças no governo de Rosa Barros, acumulando três anos depois a Secretaria de Administração. Em 2001 foi secretário de Desenvolvimento e Turismo no segundo governo Rosa Barros. Foi ainda secretário de Turismo no governo Zeca Cavalcanti.

A polêmica da pastora

Recentemente, integrantes do movimento cultural de Arcoverde questionaram o slogan do São João 2017. Para eles o termo "rainha" do Reisado está errado. Segundo eles, no reisado não existe "rainha" e sim "pastora". Mas na conceituação de Albérico, a homenagem a ala feminina do Reisado das Caraíbas se prende à uma questão afetiva da comunidade é, antes de tudo, digamos, uma licença poética, são pessoas simples mas de grande importância cultural e que, por esse motivo merecem ser homenageadas. Além do que, atentem, no contexto do tema, elas são reconhecidas como as mais autênticas Rainhas do Reisado. 

Em tempo:

Este site fez uma rápida pesquisa sobre o reisado. Confira:

O reisado é composto de 4 a 6 mascarados que dão vida, hilaridade e rebuliço à brincadeira. Eles também devem proteger o Menino Jesus e confundir os soldados de Herodes. Acrobatas e declamadores, representam os soldados perseguidores do Menino. O reisado tem ainda: rei, mestre-sala, alferes, a burrinha, o boi, o Jaraquá, a arara, o caipora, a ema, etc. Muitos outros personagens podem aparecer, dependendo da região em que esta festa é realizada. Todos acompanham uma bandeira, estandarte da folia, um quadrado de madeira com a Adoração dos Magos, ornamentada com flores e espelhos, carregada pelo alferes. Uma orquestra de violas, banjos, violões, zabumba, triângulo, pandeiros, maracás e sanfonas pulsam na regularidade de um organismo. Seus acordes servem de orientação as vozes e ordenam a evolução do espetáculo. O tempo da toada é circular, um convite ao desprendimento mundano e a busca de uma aliança com o divino. A paleta acorda o cavaquinho para ressoar um som que deve agradar o ouvido dos santos. A história narrada por intermédio de cantos são contadas por um solista e um corro responde a ele uníssono por repetidas vezes.