Exclusivo: Refugiado sírio que mora em Arcoverde agradece apoio dos brasileiros
Que a Síria vive um momento delicado - com bombardeios em que se usa armas químicas, crianças são mortas, hospitais atacados e cidades isoladas - isso todo mundo sabe. O que não se sabia, e este site traz, com exclusividade, é que em Arcoverde temos um refugiado sírio morando aqui.
Wasin Al Sheb faz mestrado na área da Veterinária, trabalha na Estação Experimental do IPA, mora no Alto Cardeal e é casado com uma sertaneja. "Estou no Brasil desde 2014, o brasileiro é um povo maravilhoso, agradeço ao governo do Brasil por facilitar minha estada e também a ONU, através da ACNUR(Agência para Refugiados) que emitiu meu visto", afirmou Wasin. Ele diz que a maioria dos parentes também estão refugiados em outros países. "É uma situação bastante difícil ter de sair de seu país, mas estou feliz aqui, agradeço a todos companheiros de trabalho no IPA que me ajudam em tudo até a aprender melhor o português. Todos em Arcoverde me tratam bem", afirma Wasin.
Desde 2013, consulados e embaixadas brasileiras no Oriente Médio têm
emitido vistos especiais em processos simplificados para permitir que
sobreviventes de guerra possam viajar para o maior país da América
Latina e solicitar refúgio assim que chegarem.
De acordo com o Secretário Nacional de Justiça e presidente do Comitê
Nacional para Refugiados no Brasil (CONARE), Beto Vasconcelos, este
sistema de vistos especiais era necessário devido as “graves violações
de direitos humanos” decorrentes da Síria.
Para entender a Síria
A situação dos direitos humanos na Síria tem sido uma
preocupação significativa entre organizações independentes, como a Human Rights Watch, que em 2010 se referiu o
caso do país como "entre os piores do mundo". A Freedom House,
financiada pelo Departamento de Estado dos Estados
Unidos, classificou Síria "não livres" na sua liberdade
anual no inquérito Mundial.
As autoridades são acusadas de prender ativistas pela democracia
e os direitos humanos, além de censurar a internet, através da prisão
de blogueiros.
Detenções arbitrárias, torturas e desaparecimentos são situações crimes generalizados
pelo país. Embora a Constituição garanta a igualdade de gênero, algumas leis e o código
penal acabam por discriminar mulheres e meninas. Além disso, também concede clemência
para o chamado "crime de honra". Em 9 de novembro de 2011,
durante o levante contra o presidente Bashar al-Assad, a Organização das Nações Unidas informou que
das mais de 3 500 mortes, cerca de 250 eram crianças, algumas de apenas 2
anos de idade. Além disso, meninos tão jovens quanto 11 anos de idade têm sido estuprados
coletivamente por oficiais dos serviços de segurança.
Em agosto de 2014, a então Alto
Comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos Direitos, Navi Pillay,
criticou a comunidade internacional por sua "paralisia" em lidar com
a mais violenta guerra civil do país, que já matou mais de 200 mil pessoas em crimes de
guerra, de acordo com Pillay, sendo cometidos com total impunidade
por todos os lados do conflito. As minorias de alauítas e cristãos estão sendo
cada vez mais atacadas por islâmicos e outros grupos que lutam na guerra civil
síria.
Publicar comentarios