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Chico Carlos: 20 anos sem o indomável Tim Maia




Neste mês de março, mais precisamente no dia 15, completou 20 anos que Tim Maia partiu. Sebastião Rodrigues Maia, artista único, com voz potente, suingue e polêmico sem fim, deixou uma lacuna que, nestas duas décadas, ninguém chegou nem perto de preencher.

Tim nasceu no Rio de Janeiro, no bairro da Tijuca, no dia 28 de setembro de 1942. Uma semana antes de sua morte, no dia 8 de março de 1998, durante a gravação de um especial para a TV. Tim chegou a entrar no palco do Teatro Municipal de Niterói para cantar, mas passou mal e foi levado para o Hospital Universitário Antônio Pedro, onde veio a falecer, após duas paradas cardiorrespiratórias.

 Os tempos passaram sonoros entre os dedos... O mito de Tim Maia só fez crescer, sobretudo, com o lançamento do excelente livro biográfico, “O Som e a Fúria de Tim Maia”, do amigo Nelson Motta. Lançado em 2007, o livro virou o filme “Tim Maia”, dirigido por Mauro Lima. Tim fez sucesso com canções mnarcantes que representam o melhor do pop nacional, entre elas, “Azul da Cor do Mar”, “Primavera”, “Me dê Motivo”, “Não Quero Dinheiro, Só Quero Amar”, “Gostava Tanto de Você” e “Sossego”. Caçula de doze irmãos, quando criança, ajudava a família entregando marmitas. Com oito anos cantava no coral da Igreja.

Em 1957 criou o grupo “The Sputniks”, formado por Roberto Carlos e outros cantores. Em 1959, foi tentar a sorte nos Estados Unidos. Ficou hospedado, em Tarrytows, na casa de uma família que conhecera no Brasil. A cidade, a 40 km de Nova York, tinha pouco mais de 11 mil habitantes e abrigava a efervescência do jazz e da música negra. Nessa sua turnê americana, Sebastião era chamado de “Jim”, porque os americanos não conseguiam pronunciar “Tião”, seu apelido da juventude. Pintou e bordou nos Estados Unidos.

No início, integrou uma banda de Twist, depois foi convidado pelo músico americano Roger Bruno, para se juntar ao “Ideals”. Tim ficou responsável pela harmonia e pela guitarra. A banda lançou um único disco, com as músicas “New Love” (parceria de Tim com Roger) e “Go Ahead and Cry”. Rebelde, Tim Maia passou a praticar pequenas transgressões: pulava a catraca do trem e furtava comida no supermercado. No fim de 1963, foi preso por roubo e porte de droga. Passou seis meses na prisão e em 1964 foi deportado do país.

De volta ao Brasil, Tim Maia passou no "liquidificador" tudo o que aprendeu da música negra americana, com ritmos brasileiros como samba e baião. Produziu o disco “A Onda é o Boogaloo” de Eduardo Araújo. Teve composições gravadas por Roberto Carlos(“Não Vou Ficar”) e Erasmo Carlos(“Não Quero Nem Saber”). Começou a se apresentar em programas de rádio e TV.

Consolidou sua carreira Em 1970, gravou seu primeiro LP, “Tim Maia”, que fez sucesso com as músicas “Azul da Cor do Mar”, “Coronel Antônio Bento”, “Primavera” e “Eu Amo Você”. Em 1971, lançou “Tim Maia”, que fez sucesso com “Não Quero Dinheiro, Só Quero Amar”, uma canção dançante de sua autoria, “Não Vou Ficar” e “Preciso Aprender a Ser Só”. De julho de 1974 a 25 de setembro de 1975, aderiu à doutrina filosófico-religiosa conhecida como Cultura Racional, lançando, nesse período, dois discos, com destaque para "Que Beleza" e "O Caminho do Bem".

Desiludiu-se com a doutrina e voltou ao seu estilo de música anterior, lançando sucessos como "Descobridor dos Sete Mares" e "Me Dê Motivo". Muitas de suas músicas foram gravadas sob a editora Seroma e a gravadora Vitória Régia Discos, sendo um dos primeiros artistas independentes do Brasil. Ganhou o apelido carinhoso de "síndico do Brasil" de seu amigo Jorge Ben Jor na música “W/Brasil”. Na década de 1990, diversos problemas assolaram a vida do cantor: problemas com a Globo e a saúde precária, devido ao uso constante de drogas ilícitas e ao agravamento de seu grau de obesidade.

Com seu comportamento polêmico, faltou a shows e entrevistas e se queixava do sistema de som dos locais em que se apresentava. Os músicos da banda Vitória Régia eram chamados a atenção publicamente. Os pedidos de “mais grave, mais agudo, mais retorno” viraram rotina, pois ele repetia em todas as apresentações. O clima muitas vezes esquentava nos bastidores. Mas, depois eles se entendiam com o "maluco" Tim Maia.
 No ano seguinte seria homenageado por vários artistas da MPB num show tributo, que se transformou em disco, especial de TV e vídeo. É extenso seu legado à história da música brasileira, e sua obra veio a influenciar diversos artistas, como seu sobrinho Ed Motta e seu filho Léo Maia (também cantores). A revista Rolling Stone classificou Tim Maia como o maior cantor brasileiro de todos os tempos e também como o 9º maior artista da música brasileira. E com razão!

Chico Carlos é crítico musical e escreve regularmente com exclusividade para este site.

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