Você conhece o homem que escreveu "A Emparedada da Rua Nova"?
Quem
era o autor de uma das histórias mais intrigantes de nossa Literatura? Quem
nunca ouviu falar da trama da moça que foi emparedada viva numa tradicional rua
da Capital pernambucana?
Pois
Joaquim Maria Carneiro Vilella foi importante escritor pernambucano que nasceu
no dia 9 de abril de 1846, no bairro de São José, no Recife. Ele era filho de
Joaquim Vilella de Castro Tavares, deputado geral e provincial, oficial da
Ordem da Rosa e presidente da Associação Acadêmica Atheneu Pernambucano, e de
Maria Magdalena Carneiro Rios, filha do tenente-coronel da Guarda Nacional,
Francisco Carneiro Machado Rios. Casou com Margarida Bruno em 7 de outubro de
1865, no Solar do Sítio Piranga, localizado no atual bairro de Afogados, e tiveram seis filhos.
Estudou
no Colégio Benfica, nome da rua em que se localizava o estabelecimento(hoje
Paissandu), preparando-se para o Curso de Direito. Em 1862, matriculou-se no
Curso Jurídico da Faculdade de Direito do Recife, concluindo-o em
1866. Carneiro Vilella foi romancista, novelista, poeta, dramaturgo,
caricaturista, paisagista, cenógrafo. Desde cedo demonstrou ter aptidões
literárias e artísticas. Era um homem politizado e, em muitas ocasiões,
demonstrou ser um ferrenho abolicionista. O exemplo disso é que, quando sua mãe
faleceu, alforriou os escravos que herdara.
Era
um homem interessado pelos rumos políticos do Brasil e, sempre que possível, aparecia
nas sessões da Assembléia Legislativa de Pernambuco para
escutar os debates e discorrer sobre eles em seus artigos. Fez parte d’ A
Escola do Recife, movimento que surgiu em 1870, e que trazia ideias
revolucionárias em Filosofia, Direito e Literatura.
Ocupou o cargo de juiz Municipal da cidade de
Natal, Rio Grande do Norte (1866), foi Chefe da Secção da Secretaria do Estado
do Pará (1878) e Juiz substituto de Niterói, Rio de Janeiro (1879). Fundou
o Jornal Oriente (RN, 1866), de propaganda
maçônica, A América Ilustrada(1871), junto com José Caetano
da Silva – que tinha o dever moral de alertar aos seus leitores os desmandos
que aconteciam em Pernambuco –, e o Jornal da Tarde (PE,
1875), o primeiro jornal vespertino da cidade do Recife. É no América
Ilustrada que publica sua primeira novela em folhetim: Noivados
originais – histórias históricas, e tantas outras como: O
esqueleto, A menina de luto, Inah-história de três dias. A 26 de janeiro de
1901, fundou, ao lado de Arthur Orlando, Carlos Porto Carreiro, Alfredo de Carvalho e outros, a Academia Pernambucana de Letras, ocupando a
cadeira nº 8, patrocinada por Joaquim Vilella, seu pai.
Carneiro
Vilella criou, com Antonio Morais, em 1886, a revista caricata e
humorística O João Fernandes, que tinha como missão "dar
com a rotina em pantanas e abrir novos horizontes à gargalhada e à crítica”.
Nela, Carneiro Vilela aparecia como ilustrador, folhetinista e articulista. Escreveu
para vários jornais do Recife como Jornal Pequeno, Jornal
do Recife, Correio do Recife, A Província, Diario
de Pernambuco. Foi no Jornal Pequeno que, entre os anos de
1909 e 1912, escreveu o seu romance mais famoso A Emparedada da Rua
Nova. Carneiro Vilella faleceu no dia 1º de julho de 1913, aos 67 anos, no
Sítio Piranga, na Rua São Miguel, no bairro de Afogados, em decorrência de um
acidente vascular cerebral.
A
trama
A trama, que se passa no século XIX, envolve a
família de um rico comerciante chamado Jaime Favais. O personagem criado por
Carneiro Vilela era dono de uma loja que funcionava no térreo do sobrado que
ele possuía na Rua Nova, no bairro de Santo Antônio, um endereço nobre do
Recife daquela época. O comerciante português Jaime Favais era um homem
grosseiro e vingativo. Ele descobre que Clotilde, sua única filha, havia
engravidado de um malandro sedutor chamado Leandro. Para completar a
confusão, esse sujeito também era amante da esposa de Jaime, Josefina. O rico
comerciante manda matar Leandro e Josefina enlouquece. Mas a polícia não leva em
consideração a denúncia do pedreiro. Depois de cometer essa infâmia, Favais
foge para Portugal, onde passa três anos. Lá, Josefina morre. Jaime volta ao
Recife para morar no andar de cima do sobrado. E no casarão passa a ser
atormentado por medonhas aparições.
(Fonte básica: Virginia Barbosa/Fundaj e site
Assombrações)
Publicar comentarios