Lula recebeu alerta sobre corrupção na Petrobras ainda em 2009
Pelo sim pelo não, muita coisa dita por Lula até
agora à Justiça ficou num terreno nebuloso. Mesmo tendo afirmado ao juiz Sergio
Moro que demitiria toda a direção da Petrobras caso alguém o informasse sobre a
existência de um esquema de corrupção na estatal, o ex-presidente recebeu alertas,
ainda no exercício do mandato, de práticas suspeitas na companhia, e ainda
assim não agiu. Na última quarta-feira, na sede da Justiça Federal em Curitiba,
questionado pelo procurador Roberson Pozzobon, que perguntou se ele tinha
conhecimento de corrupção na Petrobras e de repasse de dinheiro ao PT, Lula
falou: Se, em algum momento, um dos 204 milhões de
brasileiros chegasse ao presidente da República e dissesse "tem um esquema
de propina na Petrobras", seria mandada embora a diretoria inteira da Petrobras
- disparou Lula.
Mas houve alguns avisos, inclusive oficiais. Em
2009, quatro obras da petroleira foram incluídas pelo Congresso numa lista de
24 projetos que deveriam ficar fora do Orçamento de 2010, sem verba, por terem
sido flagradas com indícios de graves irregularidades em auditorias do Tribunal
de Contas da União (TCU). Em todos os casos, a suspeita era a mesma: preço
muito acima do inicialmente orçado. Mas, no lugar de aceitar a decisão da
Comissão Mista de Orçamento e determinar investigação na estatal, Lula vetou a
inclusão das obras da Petrobras na lista e liberou os recursos. O ex-presidente
alegou que a paralisação acarretaria em prejuízos e desemprego.
Das quatro obras liberadas pelo veto de Lula, três
foram flagradas na Lava-Jato. Uma é a Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco uma
espécie de ícone da corrupção na estatal: de um custo inicial de US$ 2,4
bilhões, já ultrapassou US$ 23 bilhões; mesmo que opere à plena capacidade
durante toda sua vida útil, vai continuar sendo deficitária. As outras duas são
o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro(Comperj) e a modernização da
Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar), no Paraná. A quarta obra da lista
era a implantação de um terminal em Barra do Riacho, no Espírito Santo, que,
até agora, não apareceu nas investigações.
Publicar comentarios