Cine Rio Branco: “O pulso ainda pulsa”
O
Cine Rio Branco, localizado nas proximidades de praça com mesmo nome, foi
inaugurado em maio de 1917, ano da Revolução Russa. Arcoverde não passava de um
vilarejo que se chamava Rio Branco e na época pertencia ao município de
Pesqueira. Além das poucas casas dos moradores, a cidade possuía apenas dos
prédios: a Estação Ferroviária(cujas instalações estão em precárias condições
há mais de 15 anos) na rua Zeferino Galvão e a casa comercial Sálvio Napoleão(que
depois virou “vários empreendimentos”) na Av. Antônio Japiassú.
A loja
pertencia a Valdemar Napoleão Arcoverde, um dos comerciantes mais importantes
do sertão nas décadas de 20, 30. Foi dele a idéia de construir o Cine Rio
Branco. O prédio foi erguido, mas só entrou em funcionamento dois anos depois.
Segundo historiadores, no Cine Rio Branco ocorreram os primeiros debates para
discutir a emancipação do município. A notícia alvisareira é que na próxima
semana o Cine Rio Branco reabre suas portas para mostra fotográfica e exibição
de documentário. A iniciativa é da Secretaria de Cultura e Comunicação em parceria com o governo do Estado(leia-se Programa Cine de Rua/Secult-PE e Fundarpe).
No
decorrer
dos anos, o Cine Rio Branco passou por três reformas. A primeira delas
aconteceu na década de 70, quando foram retiradas as janelas e duas das quatro
portas de saída. O governador era Eraldo Gueiros Leite. Não se tem informação
se já existia a Fundarpe ou se o gestor municipal da época esboçou qualquer reação
quanto a intervenção que mudou para sempre a fachada do cinema.
A
segunda reforma foi no final dos anos 90, aproveitando projeto enviado pelo
Centro de Apoio Comunitário de Arcoverde (CEACA) à Fundarpe. Na ocasião ocorreu
a compra do prédio, patrocinada pela Celpe, através da Lei de Incentivo à
Cultura. O orçamento total foi de 200 mil reais O trabalho tentou recuperar da
fachada(que originalmente era em estilo colonial – o que não foi totalmente
conseguido), pintura, recuperação das poltrona, colocação de forro e pintura da
sala de projeção, reforma nos banheiros e troca do piso. Foram construídos
ainda uma lanchonete, uma praça de alimentação e um pequeno palco.
A
terceira reforma foi em 2013. Foram adquiridos uma nova tela e instalado
sistema de refrigeração. Também foram instalados equipamentos de som com a
tecnologia Dolby, similar aos “Multiplex da Capital”. Recentemente, o cinema
conseguiu registro na Agência Nacional do Cinema e vai poder exibir filmes
novos, do mesmo modo que os demais cinemas particulares. Nos últimos meses, o
Cine Rio Branco ficou fechado para uma reestruturação completa. Mas a obra
deixou a desejar e agora, a Prefeitura de Arcoverde vai ter que refazer parte
da estrutura. O teto de gesso estava rachando com ameaça de desabar, além de
outros problemas detectados que tiveram que ser corrigidos imediatamente.
O camarim, que foi criado na última
reforma, com o objetivo de usar o cinema também como teatro, já apresenta
infiltrações em suas paredes. Existem infiltrações ainda, na cobertura do
Cinema (na altura do mezanino); na área da lanchonete bem como na marquise que dá
acesso aos banheiros. O corrimão do mezanino também está danificado e vai ser
recuperado. Estão previstos reparos estão a limpeza profunda do carpete,
poltronas e ar condicionados, além da manutenção do sistema de sonorização e
imagem. Parodiando parte da música do Titãs, “o pulso do velho Cine Rio Branco
ainda pulsa” apesar de tanta descaracterização arquitetônica.
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