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Quem foi Manuel Bandeira, o poeta "amigo do Rei"....





Quem foi o poeta Manuel Bandeira? Aqui pretendemos esmiuçar um pouco sobre Bandeira
Manuel Carneiro de Souza Bandeira Filho nasceu no Recife há 131 anos, especificamente no dia 19 de abril de 1886, na Rua da União, bairro da Boa Vista, no Recife. Filho do engenheiro civil Manuel Carneiro de Sousa Bandeira e de Francelina Ribeiro de Sousa Bandeira, transferiu-se aos dez anos para o Rio de Janeiro, onde cursou o secundário no Externato do Ginásio Nacional, hoje Colégio Pedro II, de 1897 a 1902, bacharelando-se em letras. Em 1903 matriculou-se na Escola Politécnica de São Paulo para fazer o curso de engenheiro-arquiteto. O pernambucano se consagrou com um estilo solto e despojado, tratando de assuntos do cotidiano. Defendia que o modernismo não precisava se desfazer do passado para se firmar, exercia grande influência em sua estrutura de pensamento, e também tentar entender a constituição desta geração de forma mais ampla.

Em 1913, Manuel Bandeira vai para o sanatório de Cladavel(Suíça), para tratar-se de tuberculose. Lá, ele conhece e convive com o poeta francês Paul Éluard, que coloca Manuel Bandeira a par das inovações artísticas que vinham ocorrendo na Europa. Discutem sobre a possibilidade do verso livre na poesia. Esse aspecto técnico veio fazer parte da poesia de Bandeira, que foi considerado o mestre do verso livre no Brasil. Com o início da Primeira Guerra, em 1914, Bandeira volta a morar no Rio de Janeiro. Em 1916, morre sua mãe. Em 1917, publica seu primeiro livro “A Cinza das Horas”, de nítida influencia Parnasiana e Simbolista – essa obra teve apenas 200 exemplares, custeados por ele próprio. Em 1918, morre sua irmã, que tinha sido sua enfermeira durante muito tempo. Em 1919, publica “Carnaval”, que representou sua entrada no movimento modernista. No ano seguinte morre seu pai.

Apesar de ter feito parte do modernismo brasileiro – a pintora Anita Malfatti e os escritores Mário de Andrade, Oswald de Andrade e Menotti Del Picchia lideraram o movimento (com Tarsila do Amaral eles formavam o “Grupo dos Cinco”, que defendia as ideias da Semana de Arte Moderna) –, Bandeira não participou da Semana de Arte Moderna, que ocorreu entre 13 e 18 de fevereiro de 1922, no Teatro Municipal de São Paulo, com participação de artistas de São Paulo e do Rio de Janeiro. O evento contou com apresentação de conferências, leitura de poemas, dança e música. Uma das poesias de Bandeira foi declamada por Ronald de Carvalho na abertura da Semana: “Os Sapos” apresenta uma crítica ao parnasianismo, movimento literário que caracterizou seus primeiros escritos.

 Os participantes da Semana de 1922 causaram enorme polêmica na época. Sua influência sobre as artes atravessou todo o século XX e pode ser entendida até hoje. Dentre os muitos escritores que fizeram parte da primeira geração do Modernismo destacamos Oswald de Andrade, Mário de Andrade, Manuel Bandeira, Alcântara Machado, Menotti del Picchia, Raul Bopp, Ronald de Carvalho e Guilherme de Almeida.

Manuel Bandeira abordou sobretudo o cotidiano e o biográfico. Construindo  uma espécie de relato íntimo no qual desfilam cenas tradicionais e comuns em sua infância, consegue tornar vivos no presente os jogos, as brincadeiras, as festas, as crenças, as cenas carregadas de conteúdo folclórico, edificadas nas práticas do cotidiano e cultura de sua vida, marcada pela temporalidade. Suas obras nos possibilitam múltiplas interpretações da realidade em que vivemos.

Além de um grande legado na poesia, prosa e antologias, também utilizou a adivinha, como elemento lúdico de integração e desenvolvimento na pedagogia dos lares, nas brincadeiras infantis, nas reuniões de adultos. As adivinhas ainda se conservam no meio rural, em feiras do sertão brasileiro. O colocador de adivinhas era e sempre será uma figura imprescindível; ao seu redor se juntavam velhos, moços e crianças para o torneio verbal. Desse modo, aproximava-se mais de seu leitor, ao mesmo tempo em que fortalecia as raízes nacionais e refletia sobre a grandeza do cotidiano.

Em suas obras destacam-se as seguintes características: o verso livre, a poética da libertação, o poema-piada, o humor cortante, às vezes negro, a presença de problemáticas relacionadas às camadas sociais menos privilegiadas, as origens pernambucanas e familiares, além das temáticas mais antigas da morte, da solidão e da dor, formando uma obra rica e abrangente.  Outro poema importante é Evocação do Recife, que mostra os laços de Bandeira com sua terra. Tendo vivido a maior parte de sua vida em Santa Tereza, no Rio de janeiro, Bandeira não deixou de, com esse poema, prestar homenagem às memórias de uma infância tipicamente nordestina, carregada de referências regionais e pessoais.
 
Ainda sobre a relação com o Recife, em “Andorinha” Bandeira descreve minuciosamente a casa de estilo neoclássico onde morou na Rua da União (bairro da Boa Vista, onde hoje funciona o Espaço Pasárgada). “Na rua, com os meninos da minha idade eu brincava ginasticamente, turbulentamente; no quintal sonhava na intimidade de mim mesmo. Aquele quintal era o meu pequeno mundo dentro do grande mundo da vida…”, escreveu, em 1965. Mais adiante, em outra crônica, lembra quando aproveitava os meses de verão para tomar banho no rio Capibaribe, nos arredores da casa do avô, no bairro Caxangá. E recorda o terror de acordar, certo dia, para fugir de uma violenta cheia. Na memória, a imagem de um boi morto passar carregado pela força das águas.

Por todas as suas obras, muitas contribuições permanecem até os dias atuais, nos saberes e vivências, cultura, literatura e histórias, oportunizando uma importante implicação para a compreensão da articulação entre cultura e literatura popular, sem perder de vista as particularidades do contexto vivido por ele em cada verso de suas obras.

Muitas das obras de Bandeira se eternizaram na nossa literatura brasileira, como as Poesias: A Cinza das Horas, 1917 ; Carnaval, 1919 ; Poesias (acrescida de O Ritmo Dissoluto), 1924; Libertinagem, 1930; Estrela da Manhã, 1936; Poesias Escolhidas, 1937; Poesias Completas acrescida de Lira dos Cinquentanos, 1940; Poemas Traduzidos, 1945; Mafuá do Malungo – Barcelona, 1948; Poesias Completas (com Belo Belo),1948; Opus 10, 1952; 50 Poemas Escolhidos pelo Autor, 1955; Poesias Completas (acrescidas de Opus 10), 1955; Poesia e Prosa Completa (acrescida de Estrela da Tarde), 1958; Alumbramentos, 1960; Estrela da Tarde, 1960; Estrela a Vida Inteira, 1966 (edição em homenagem aos 80 anos do poeta); Manuel Bandeira – 50 Poemas Escolhidos pelo Autor, 2006. As Prosas: Crônicas da Província do Brasil, 1936; Guia de Ouro Preto, 1938; Noções de História das Literaturas, 1940; Autoria das Cartas Chilenas, 1940; Apresentação da Poesia Brasileira, 1946; Literatura Hispano-Americana, 1949; Gonçalves Dias, Biografia, 1952; Itinerário de Pasárgada – Jornal de Letras, 1954; De Poetas e de Poesia, 1954; A Flauta de Papel,1957; Itinerário de Pasárgada, 1957; Prosa, 1958; Andorinha, Andorinha – José Olympio, 1966; Itinerário de Pasárgada, 1966; Colóquio Unilateralmente Sentimental, 1968; Seleta de Prosa e Berimbau e Outros Poemas. Outro legado importante, as antologias: Antologia dos Poetas Brasileiros da Fase Romântica, Antologia dos Poetas Brasileiros da Fase Parnasiana, Antologia dos Poetas Brasileiros da Fase Moderna, Antologia dos Poetas Brasileiros da Fase Moderna, Antologia dos Poetas Brasileiros Bissextos Contemporâneos, Antologia dos Poetas Brasileiros – Poesia Simbolista, Antologia Poética, Poesia do Brasil, Os Reis Vagabundos e mais 50 Crônicas, Manuel Bandeira – Poesia Completa e Prosa, e Antologia Poética.
*Link base: Conhecimento Prático / Literatura UOL


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