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Restaurante Leite: Filhas de Armênio Dias apelam à Justiça e querem retirada de textos de site que noticia imbróglio familiar

A briga jurídica envolvendo a disputa pelo Restaurante Leite, e por que não dizer “familiar”, tem agora um novo round.

Incomodadas com a cobertura que o jornalista Ricardo Antunes tem dado ao caso, as filhas do português Armênio Dias - Daniela Ferreira e Silvana - pedem na Justiça ao jornalista uma indenização de 30 mil reais e mais a exclusão de todos os textos que mencionam o assunto no site. O jornalista diz que isso é censura pura já que seu site foi o único da Capital que deu detalhes sobre o caso que chocou sociedade pernambucana. Na peça de intimação recebida por Ricardo Antunes, fica explícito que as matérias veiculadas "denigrem a imagem dos seus clientes, foram feitas de forma sensacionalista". Chega até a ressaltar que as mesmas “foram produzidas para que os leitores e clientes não mais frequentassem o estabelecimento”.

“Como manda o bom jornalismo, através do Whatsapp, solicitamos várias vezes que o "outro lado" se pronunciasse sobre as acusações que não foram feitas por nós, e sim, pelo próprio empresário. Mas Daniela, instada a comentar o fato, apenas respondeu com a seguinte mensagem: Ricardo, agradeço sua atenção. Qualquer coisa entro em contato com você”, afirma Antunes.

Vale lembrar que recentemente, vários juristas e a maioria dos ministros do Supremo Tribunal Federal, se manifestaram sobre o tema “censura”. O processo diz, que quem erra é condenado; no entanto censurar antecipadamente uma publicação que veio trazer fatos relevantes á tona, ou tentar retirar matérias publicadas sem nenhum juízo de valor é tolher a liberdade de expressão garantida pela Constituição. “Para tanto, acionamos nossos advogados para responder a intimação. Esse expediente nada mais é do que colocar uma mordaça no trabalho da imprensa”, afirmou Antunes.

Para entender a notícia: O caso eu conto como o caso foi

O Restaurante Leite é o mais em funcionamento do Brasil, considerado um patrimônio de Pernambuco pela sua importância histórica. A responsabilidade pela administração do estabelecimento está sendo disputada na Justiça pelo antigo dono, o português Armênio Dias, e as duas filhas, Daniela Ferreira da Fonte e Silvana de Souza Ferreira. O empresário esclareceu que está afastado da administração do restaurante e considera lamentável a situação em que se encontra a casa. Fundado há 137 anos, o Leite estaria passando por problemas internos, como falta de qualidade das instalações e de produtos.

De acordo com o próprio Armênio, em 1956, ele começou a gerir o Leite com os irmãos, depois de chegar ao Recife. “Nosso objetivo era devolver ao Leite os seus anos de glória, ampliando sua fama para além das fronteiras de Pernambuco Esta parte da missão foi integralmente cumprida”, diz Armênio. Em 2009, ele constituiu uma empresa jurídica em nome das filhas, com o objetivo de substituir a pessoa jurídica anterior. “Na mesma ocasião foi feito um Instrumento Particular Confidencial de Compromisso Jurídico garantindo os direitos societários dos titulares da empresa substituída, ressalta.

Há cerca de três anos, a gestão financeiro-administrativa teria sido transferida para Daniela. “Não venho concordando com a condução do negócio; para mim, que estive à frente do Leite ao longo desses últimos 60 anos, isso não é só inadmissível, mas uma mácula à dedicação e amor que tenho pelo restaurante Leite”, afirmou Armênio.

Confiram a nota das filhas do dia 26 de abril veiculada em um dos jornais da Capital: "A competente equipe do Leite continua a receber calorosamente seus clientes, cabendo às suas filhas, Daniela e Silvana, a administração que garante o seu perfeito funcionamento", pontuaram. Ainda de acordo com o informe, os fatos levantados na nota do pai serão "a tempo e modo adequados esclarecidos".

Com o apoio da esposa, Célia Maria de Souza Ferreira, e do sobrinho, Amadeu de Souza Dias, o empresário solicitou que as filhas se afastassem do restaurante, para que a antiga sociedade fosse restaurada. “Para minha surpresa, elas se recusaram a devolver o controle da empresa. Embora constrangido, me sinto obrigado a informar aos clientes, frequentadores e admiradores do Leite que, em razão dessa situação, entramos com uma ação na Justiça”, explica Armênio.

Localizado na Praça Joaquim Nabuco, bairro de Santo Antônio, o Leite foi fundado em 1882. Em suas mesas já passaram presidentes, como Juscelino Kubitschek, Jânio Quadros e Fernando Henrique Cardoso, além de outras personalidades ilustres como Jean-Paul Sartre, Simone de Beauvoir, Orson Welles e Gilberto Freyre. Armênio Dias, 88 anos, é dono da casa desde a década de 1950. As cadeiras são de jacarandá; as bandejas, de prata e os guardanapos, de algodão.

Mas os tempos áureos do Leite parecem mesmo ter passado. Incrustado numa área degradada - infestada de pungistas e assaltantes de todo o tipo - no Centro do Recife, o Leite é alvo de pesadas críticas nas redes sociais. Um internauta diz: “O Leite azedou. Cheguei às 15h e a atendente nos informou que o restaurante já tinha encerrado as atividades. Argumentei que só vim porque dizia que fechava às 16h. Ou seja, o horário é de acordo com a vontade do cozinheiro”, comentou uma cliente. Outro reclama: “Já estive no Leite antes e apreciei e a comida. Mas desta vez foi horrível. Pedimos bacalhau com natas e o que nos serviram foi um purê de batatas com quase nada de bacalhau. Uma decepção”, disse outra.

Será que a “nova administração” do Leite não acha que o “cliente tem sempre razão”? Como diria o velho slogan das Casas José Araújo? Parece que no tempo de Papai Armênio não era assim......

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